sexta-feira, janeiro 19, 2007

Não há cães perigosos, os donos é que podem ser


Chegando ao Parque Infantil do Alvito, em Monsanto, num domingo como outro qualquer, deparei com uma imagem deprimente, por um lado, e reconfortante, por outro. A associação SOS Animal organizou, no domingo passado, a 15ª campanha de adopção de animais e de recolha de donativos. Olhando para os animais que estavam presos junto à entrada do parque infantil, vê-se o olhar triste, quase que pedindo atenção, carinho e dedicação. Parece que dizem: “só quero um espaço para viver feliz, em troca dou todo o amor e carinho que for capaz”. Estes são animais desgostosos com as más experiências que tiveram na sua relação com os seres humanos.

Como em todos os setembros, as ruas das cidades estão cheias de cães e gatos abandonados antes e durante o Verão por pessoas para quem os animais são objectos descartáveis. No entanto, para uma das coordenadoras deste evento, Lígia Santos, existe uma maior “receptividade das pessoas para terem um animal”, neste período de pós-férias.

A comprovar este sentimento está o facto de, nas primeiras três horas do evento já terem sido adoptados 10 dos 30 animais presentes. Para além dos números, fica na memória a vontade de dedicação a um ser vivo que depende de nós, espelhada no olhar dos novos donos e na forma como pegam nos cães e nos gatos. Lígia Santos reafirma que o que se pede é “que os tratem bem, que tenham espaço para eles e que os vejam como um membro da família que também sofre por vezes”.

Para Vasco Santos, um dos novos companheiros de um cão, a adopção de um animal corresponde à realização de um sonho. "Sempre quis ter um cão mas não tinha condições, agora que mudei de casa já o posso ter", afirmou à Lusa. Agora que viu o seu sonho cumprido, comprometeu-se a “tratá-lo muito bem e fazê-lo feliz”.

Para além da adopção de animais, a 15ª edição SOSAnimal – Alvito pretendeu recolher diversas doações, tendo sido entregues diversos sacos de ração, brinquedos e outros bens destinados ao bem-estar dos animais que ainda vivem em cativeiro, à espera de uma família de adopção.

O abandono e maus-tratos a animais são um fenómeno a que demasiadas vezes se assiste. Por isso existem associações de protecção dos animais como a SOS Animal, cuja acção passa pela organização de eventos como este, um pouco por todo o país, que servem, para além dos objectivos implícitos, para consciencializar as pessoas para este fenómeno que fere os valores humanos. Como disse Gandhi, “o grau de civilização de uma sociedade mede-se pela forma como trata os animais”.
Post Scriptum: Esta reportagem foi escrita no âmbito do Atelier de Imprensa do CENJOR.

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