quinta-feira, junho 05, 2008

A movida do chocolate

A movida do chocolate

Telmo Faria tem o mercado medieval, a Vila Natal e agora quer uma eco-vila. "Ideias parvas" para a oposição

Data: 13 de Março de 2008
Fonte: Sábado
Autor: Luís Neves Franco

Na campanha autárquica de 2001, Telmo Faria foi abordado por Sandy Lasberg, um americano de 80 anos residente em Óbidos. Lasberg queria apresentar uma ideia algo estranha: fazer um festival de chocolate na vila. Telmo Faria gostou da ideia - "o chocolate é universal" - integrou-a no programa eleitoral e concretizou-a um ano depois. Na campanha, a oposição andou a dizer que ele tinha "ideias parvas".

Os 10 mil habitantes não concordaram e elegeram-no, aos 29 anos, presidente da Câmara. No 1° Festival Internacional do Chocolate, durante cinco dias de 2002, a vila recebeu quase 200 mil pessoas. Telmo nunca mais parou de ter "ideias parvas" e gosta de falar em "optimismo radical". Há duas semanas, apresentou o projecto OB2, que pretende tornar Óbidos a primeira "eco- vila" portuguesa, com recurso a construção ecológica (a Câmara dará consultoria até aos privados) e recorrendo a energias alternativas. No orçamento municipal já está inscrita como receita a venda de créditos de carbono.

Esta longe de ser a sua ideia mais radical. A seguir ao chocolate, descobriu no Natal um "nicho de mercado" ainda "não aproveitado" por ninguém. "Estava remetido a uma faceta familiar, sem vivência em espaços públicos, excluindo os centros comerciais", aponta. O autarca quis que "Óbidos Vila Natal" tivesse "uma dimensão nacional". Tentou ter o apoio do BES, mas os responsáveis do banco "acharam interessante mas não decidiam. O autarca disse-lhes que "ou apoiavam ou fazíamos sem eles" - e o BES lá se decidiu. Em cada edição (2006 e 2007), quase 200 mil pessoas encheram a Vila Natal. O Mercado Medieval, que já existia antes de chegar à Câmara, passou de "umas feirinhas" - a descrição é da oposição - para 100 mil visitantes anuais.

"ESTAMOS A DAR o exemplo de como se pode animar os centros históricos de forma inovadora", diz o presidente. Mas há críticas. A socialista Helena Correia, ex-vice-presidente da Câmara, acusa-o de "descaracterizar o centro histórico" e diz que "Óbidos está a deixar de ser conhecido pelo que é". Telmo Faria responde que "é, seguramente, uma opinião muito isolada", que "Óbidos é um património vivo desde que se começou a dinamizar o seu centro histórico" e que "quer ser um laboratório de políticas públicas".
Tem com que se entreter. Desde o início do ano contratou a socialite Vicky Fernandes (levada por Carmona Rodrigues para a Câmara de Lisboa e que António Costa dispensou) para conseguir mais patrocínios e animação para os eventos. Onde é que quer chegar com tantas ideias? É verdade que pensa numa candidatura a Leiria em 2009? A resposta é curta: "Estamos motivados para colocar Óbidos acima da capital de distrito em termos de receitas (50 milhões de euros)".

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