quinta-feira, junho 05, 2008

“Não tenho nada a esconder no BPN”

Banco esclarece situação interna 2008-01-28 00:05

“Não tenho nada a esconder no BPN”

Numa altura em que o banco de Portugal está atento às ‘off-shore’, o presidente do Banco desdramatiza as dúvidas lançadas sobre o BPN. “Não tenho razões para desconfiar da minha equipa”, diz.

Por Pedro Marques Pereira com Luís Neves Franco

“Não tenho nada a esconder”. Este é a mensagem de José Oliveira e Costa que ontem recebeu o Diário Económico na sede do BPN, o banco que dirige e que, na edição de sábado do Expresso, foi envolvido em suspeitas de operações pouco transparentes feitas através de empresas ‘off-shore’.

Ao contrário do que o Banco de Portugal tem dito que sucedeu no BCP, “no BPN não há nenhuma situação escondida”, afirma Oliveira e Costa. E acrescenta: “existem regras muito rigorosas sobre essas matérias, espero que as pessoas responsáveis por essas áreas as estejam a cumprir. Não tenho razões para desconfiar da minha equipa”.

Em traje de fim de semana, vestido com um ‘pullover’ Lacoste com as cores do banco – em tons ‘bordeaux’ – Oliveira e Costa diz-se surpreendido com as suspeitas lançadas sobre o banco, uma vez que este tem merecido toda a atenção do Banco de Portugal, que o acompanha de perto na sua actividade normal – ou que, pelo menos até agora, Oliveira e Costa considerava normal – de supervisão. “A intervenção do Banco de Portugal tem sempre sido muito activa”, afirma. “É sempre mais fácil ser profundo nesse acompanhamento com um banco pequeno do que com um grande e no nosso caso o acompanhamento tem sido sempre muito profundo”.

Em relação à actividade de empresas com sede em paraísos fiscais, Oliveira e Costa afirma que sucedem a dois níveis. Ao nível da estrutura accionista, alguns investidores detêm as suas posições através deste tipo de veículos, o que considera ser “normal”, garantindo conhecer a quem pertencem todas estas empresas. “De qualquer forma, embora não possa precisar com rigor, a posição que detêm no banco, no seu conjunto, é materialmente irrelevante”, diz.

Mais abaixo, na actividade de gestão de activos, o banco trabalha igualmente com sociedades ‘off-shore’ cuja actividade principal é a gestão de carteiras de valores, o que considera igualmente ser normal. Algumas destas empresas actuam nos mercados com créditos concedidos pelo banco, mas Oliveira e Costa assegura que o banco cumpre todas as regras que se exigem. “São sociedades detidas por clientes que querem manter uma cortina de uma certa discrição, mas o banco é obrigado a saber – e sabe – quem e o que está por detrás dessas cortinas”, afirma. E garante que, “tanto quanto é possível saber, não existe qualquer motivo de preocupação, nem em relação aos activos em que estes veículos negoceiam, nem relativamente ao grau de risco a que o banco está exposto”.

Os casos polémicos que levaram ao afastamento das equipas de gestão de bancos em Portugal nos últimos anos estiveram ambas relacionadas com a utilização de sociedades ‘off-shore’ que geriam participações financeiras. No caso da Caixa Central de Crédito Agrícola, na altura liderada por Tavares Moreira, as ‘off-shores’ foram utilizadas para defender artificialmente o valor de títulos que o banco tinha na sua carteira própria. No caso do BCP, as informações que têm transpirado dão conta de que o objectivo fosse idêntico, com a agravante das acções artificialmente inflacionadas serem as do próprio banco.

Crise adia entrada em bolsa

O BPN era uma das empresas na calha para entrar na Bolsa de Lisboa mas, em comunicado, esclareceu que vai esperar pela normalização das condições de mercado. “O eclodir durante o processo da crise dos mercados financeiros levaram-nos, em conjugação com o consultor internacional escolhido, a aguardar o restabelecimento das condições de mercado”, refere o documento. “A morosidade dos trabalhos associados à montagem desta operação” é outra das justificações avançadas para os sucessivos adiamentos para entrar no mercado de capitais. O BNP frisou ainda que “a entrada em bolsa nunca teve uma data fixa predefinida”.

O Grupo BPN


- Sociedade Lusa de Negócios (SLN): é a ‘holding’ que detém as participações financeiras e não financeiras do grupo. As ‘sub-holdings’ BPN SGPS, detida a 100%, detém, por sua vez, a totalidade do capital do BPN, S.A. O Grupo Português de Saúde é detido a 100% pela SLN, SGPS.

- BPN SGPS: esta sociedade engloba o BPN, o BPN Cayman , o Banco Efisa, o BPN Brasil, o BPN IFI (Cabo Verde ), o BPN Crédito IFIC, o BPN Gestão de Activos, o BPN Imofundos, as seguradoras Real Seguros e Real Vida Seguros, as corretoras de seguros AVS e Solução e a corretora Fincor. O BPN Banque (França) é apenas uma sucursal do BPN, com quatro agências, e não um banco autónomo.

- Grupo Português de Saúde: possui o British Hospital em Lisboa, o Centro Hospitalar de S.Francisco, a IMI (Imagens Médicas Integradas), a Cedima, a Microcular e a gestão dos hospitais de São Luís (Lisboa) e Santa Maria (Porto).

- SLN Investimentos: gere o WR Hotel Costa da Caparica, tal como o Santa Maria Park Hotel, em São João da Madeira ou o Hotel do Caramulo.

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